Uma piscada um pouco mais demorada é o suficiente para perder de vista a apresentação. O movimento do corpo é tão veloz que fica difícil identificar as acrobacias no instante em que são executadas. Em questão de segundos, a prova é concluída. Este é o salto ornamental, uma modalidade olímpica de tirar o fôlego!
O esporte consiste em saltar de uma superfície em direção a uma piscina, que deve ter pelo menos quatro metros de profundidade. Pode ser realizado sozinho ou em dupla, de uma plataforma — com altura mínima de 5 metros e máxima de 10 metros — ou de um trampolim — de 1 ou 3 metros de altura. Entre o início e o fim do salto, são feitos movimentos acrobáticos semelhantes aos da ginástica artística, exigindo muita técnica, força e flexibilidade dos atletas.
Apesar de a entrada na piscina parecer brusca em função da velocidade – o atleta pode chegar a 55 quilômetros por hora –, o impacto com a superfície da água ocorre de maneira suave quando o salto é realizado corretamente.
Breve histórico do salto ornamental
Acredita-se que a prática do salto ornamental, que mais tarde tornou-se oficialmente um esporte, teve início na Grécia Antiga, com pessoas pulando do alto de penhascos em direção ao mar.
A primeira vez que esteve entre as modalidades olímpicas foi em 1904, na terceira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizado na cidade de Saint Louis, estado do Missouri, nos Estados Unidos. A estreia, no entanto, contou exclusivamente com a presença de homens. As mulheres só foram autorizadas a participar das provas em 1912, nas olimpíadas de Estocolmo, na Suécia.
O trampolim foi inserido na edição de 1908, em Londres. Até então, os atletas saltavam apenas de plataformas. Esta mesma edição das olimpíadas foi marcada também pela estreia do Brasil na modalidade. Após saltar de uma plataforma, o brasileiro Adolpho Wellisch conquistou a oitava posição – sete anos antes ele havia sido campeão do primeiro evento de saltos ornamentais realizado no país, em 1913, no Rio de Janeiro, organizado pela Federação Brasileira das Sociedades de Remo.
Da plataforma à piscina: conheça as diferentes categorias de salto ornamental
Ao assistir a uma competição, é possível perceber que nem todos os saltadores ornamentais executam os mesmos movimentos. Isso porque os saltos podem ser divididos em mais de 80 tipos, que irão determinar a posição que o atleta vai estar ao saltar da plataforma e entrar em contato com a água. Esses tipos são agrupados em seis categorias distintas. Confira:
Para frente: O saltador pula de frente para a piscina e, após realizar as acrobacias, conclui o salto sem alterar a posição inicial.
Para trás: Ao saltar desta forma, o atleta inicia de costas para a piscina, com execução para trás, e retorna na mesma posição.
Pontapé à lua: O saltador começa o movimento voltado para frente, também com execução para trás, e o salto é concluído em uma rotação, com o corpo voltado à plataforma.
Revirado: Tem início de costas para a plataforma. Diferente de quando realiza o salto para trás, neste modo a execução é para frente.
Parafuso: O saltador pode iniciar tanto de frente quanto de costas para a piscina, contanto que ele complete uma volta sobre seu eixo, tal como o formato de um parafuso.
Equilíbrio: O atleta inicia o salto na plataforma com uma parada de mãos – o popular “plantando bananeira” – durante cinco segundos. Pode ser realizado tanto de frente quanto de costas para a piscina e ele também tem liberdade de escolher como será a conclusão.
Além disso, também há posições corporais diferentes para executar os movimentos até a piscina:
Esticado: O corpo do atleta deve ficar reto. Os pés devem estar juntos, mas sem que a cintura e o joelho estejam flexionados.
Carpada: As pernas e os pés precisam estar retos, mas o corpo deve ficar flexionado na cintura. Os braços podem estar esticados ou colados nas coxas.
Grupado: O atleta deve ficar em posição fetal, com as pernas dobradas, coxas junto ao peito e braços segurando o tornozelo.
Livre: O salto pode ser realizado de qualquer forma combinando as posições básicas.
Como o salto ornamental é avaliado
O salto ornamental está sob a regulamentação da Federação Internacional de Natação (FINA), reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), responsável por administrar as competições internacionais que envolvem esportes aquáticos.
A avaliação de cada salto segue alguns critérios, como a posição inicial na plataforma, a execução dos movimentos e posições e a chegada à piscina, que deve ser feita com o corpo reto, vertical, pés juntos e polegares para cima. No caso de saltos em dupla, a sintonia entre ambos também é levada em conta.
Logo após o salto, os avaliadores mostram a pontuação, que varia de 0 a 10. Depois de apresentadas as notas, a mais alta e a mais baixa são eliminadas. O restante é somado e multiplicado pelo grau de dificuldade do salto, definido sempre antes do início da apresentação dos atletas.
Independentemente da modalidade, uma piscina bem tratada é essencial
Como deu para perceber, habilidades como força e flexibilidade e características como coragem, autoconfiança e concentração são fundamentais aos atletas do salto ornamental. Do mesmo modo, é essencial que eles tenham a certeza de saltar em uma piscina com água sempre bem tratada.
Por isso, se você se interessou pela modalidade, pesquise por clubes que ofereçam o salto ornamental e certifique-se de que as piscinas são devidamente tratadas, uma vez que a qualidade da água impacta diretamente na saúde dos praticantes. Além disso, fique atento também às medidas de segurança e à qualificação dos instrutores, para garantir que os momentos de lazer ou mesmo de aperfeiçoamento no esporte sejam aproveitados da melhor forma possível.